Saturday, December 22, 2012

Dia das mães

Essas são minhas reflexões após o dia das mães, peço desculpas pelo atraso de publicação de (ui!) 7 meses. 

Dia das mães... Senti falta da minha, que perdi há 21 anos e que, pouco importa quantos anos passem, eu nunca esqueço. Com seu exemplo, ela me ensinou o quanto é bom amar. Mas eu não sabia se conseguiria. Para amar de verdade a gente tem que ser forte. Os frágeis só conseguem ser amados, amar exige algo que a fragilidade não pode dar.

No meu dia das mães, eu recebi café na cama, flores, chocolates. Humm, isso é bom, dá uma sensaçãozinha gostosa no peito. Mas, no meu caso a maternidade me deu um presente muito, mas muito maior. A maternidade me faz querer trabalhar TODOS os dias para ser uma pessoa melhor, simplesmente porque quero eu dar o melhor exemplo possível para os meus filhos.

Tenho dois filhos maravilhosos e, com a ajuda deles, estou aprendendo a não ter mais vergonha nem medo de assumir meus erros, rir de mim, pedir desculpas (inclusive para eles) ou aceitar graciosamente um pedido de desculpas. Estou aprendendo a aceitar que a vida não vem com manual de instruções e logo, TODO MUNDO erra, mas que não existe nada mais poderoso que um par de olhinhos pequeninos prestando atenção à CADA coisa que eu faço faz para me estimular a fazer o que é certo e não o que é mais fácil.

Obrigada Tiago e Taís, sem vocês dois eu continuaria frágil. Agora sou forte, agora sou mãe.

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Sunday, July 22, 2012

Essa tal felicidade

Felicidade só pode ser uma escolha. Ela não é doada, não pode ser roubada, e falar em "conquista da felcidade" é algo, hummm digamos, além de clichê, meio falso. É, eu disse falso, mesmo. Não se conquista a felicidade porque ela não é "conquistável". Ela é elusiva e coquete, sim, e sua obtenção passa por uma conquista, sim, mas é pela conquista de si mesmo.

É uma vitória sobre si mesmo a escolha de ser feliz. Escolher exterminar a auto-piedade e a auto-compaixão requer força. Um conquistador precisa ser forte. Auto-comiseraçào é uma companheiras que nos conforta e nos permite elaborar racionalizações as mais elocubradas possíveis, mentindo para nós mesmos com maestria. Eliminá-la requer que enfrentemos nossas fraquezas de frente e usemos para nós o mesmo peso e a mesma medida que  usamos para medir os outros. Isso requer coragem. Um conquistador precisa ser corajoso.

Mas isso não pode estar certo. Se estivesse, significaria que apenas os fortes e corajosos podem ser verdadeiramente felizes? Sim, e não. A força de que falo não está nos músculos, ou melhor dizendo, não está nos músculos que podemos exercitar nas academias de ginástica ou praticando esportes. A força de que falo está, com permissão da figura de linguagem, no músculo do coração. Até onde sei, a melhor forma de exercitar o coração e fortalecê-lo, é amando.

Falemos, agora, da coragem. A coragem de desnundarmo-nos para nós mesmos, e de nos olharmos em um espelho imparcial. Para ser feliz é essencial parar de mentir para si mesmo, e, nesse processo, é bem provável sentirmos culpa. Logo, precisamos ter coragem de perdoar a nós mesmos. Fácil de falar, difícil de fazer. Mas só depois de perdoarmos nossas mais completas trapalhadas, burrices, besteiras e principalmente, só depois de entendermos de uma vez por todas que aquele monte de coisas ruins que preferimos que não tivessem acontecido, como, por exemplo, a separação dos nossos pais quando tínhamos seis meses de vida, NÃO FOI POR NOSSA CULPA é que poderemos passar para o próximo passo. E, se você pensou, agora temos que perdoar os outros, acertou. Mas só depois de perdoarmos a nós mesmos. Aí, perdoar os outros vai ficar fácil. Tente, depois me conte,

Voltamos, então, para a tal felicidade. A brilhante e fugidia felicidade. Eu a percebo como uma fadinha que dança na brisa orvalhada de uma manhã ensolarada. Suave, delicada. Ela é serena e não bombástica. Quanto mais amo e perdoo mais minha percepção se aguça e mais nitidamente consigo ver a fada da felicidade.

By Tati Bitate (Tatiana Furquim)
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Saturday, July 21, 2012

Para não dizer que não falei de amor

O amor é mesmo inexplicável. O amor tem um tempo seu, desconhece nossos ultimatos. E quando você pensa que ele transmudou, arrefeceu ou simplesmente se extinguiu, eis que a dor se avizinha e o ser se faz pequeno em frente ao medo voraz. E é nessa hora que você descobre que mal sabe do amor, pois ele que você cria ausente lá está, arrebanhando seu exército, se agigantando no seu peito, acendendo luz nas trevas, trazendo canção a lábios tristes e transparência à suas lágrimas.

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Tuesday, July 17, 2012

Infinitas incertezas

Eu sou daquele tipo de pessoa cheia de incertezas. Tantas coisas que eu simplesmente não sei... Estamos sozinhos nesse universo ou existirá vida em outros planetas? O que somos nós, humanos, afinal? Temos uma alma ou somos apenas animais inteligentes? Seguiremos conscientes e individuais após nossa morte, voltaremos em forma de energia para um "todo" panteísta ou simplesmente deixaremos de existir enquanto a natureza trata de reciclar os átomos que constituem nosso corpinho?

Existirá sempre o bem e o mal no mundo? O mundo está melhorando ou piorando? Existe Deus? Existe também o seu contrário? Serão um dia essas perguntas respondidas? E, a principal delas: por que eu não consigo sossegar?

Me falta fé? Atrevo-me a dizer que não. Me considero razoavelmente espiritualizada apesar de não seguir nenhum ritual religioso. Medito regularmente, simplesmente porque me faz bem. Para mim Jesus Cristo foi o ser humano mais fantástico que já habitou esse planeta e até hoje inspira tantos outros homens e mulheres extraordinários que o sucederam. Se você perguntar ao meu coração ele lhe dirá: existe Deus e ele NUNCA me abandonou. Se você perguntar ao meu intelecto ele lhe dirá: eu não sei. Como pode isso? Fui treinada, sim, na objetividade científica, mas também fui exposta, desde cedo, à espiritualidade e suas possibilidades. Por que, então a incerteza? Por que sei que nunca vou ter certeza? Sigo acreditando e desacreditando, e assim seguirei, aprendendo a ser feliz comigo mesma do jeito que sou, aceitando minhas tão humanas limitações.

Tenho profunda admiração por aqueles que tem fé, mas tenho mais ainda por aqueles que amam, simplesmente. Por que o amor é fé em ação, tenha-se fé ou não. Eu vivi alguns anos nesse mundinho e se posso resumir o que aprendi até hoje é que aqui tudo se pode, e de todas as coisas que o mundo me permite, a mais gratificante delas é amar.

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Monday, June 25, 2012

Materna, eu

 Hoje o meu primogênito faz quatro anos. Há quatro anos atrás eu não sabia que estava ganhando o maior presente da minha vida. É bem verdade o ditado que diz que, em cada parto, não nasce apenas um bebê, nasce também uma mãe.

Eu tenho me permitido renascer todo dia com a quantidade incomensurável de amor que recebo do meu filho. Quando ele pede para dormir abraçadinho comigo, quando fica feliz quando tomamos banho juntos, ou quando me olha agradecido e me diz "obrigado mamãe" quando eu o auxilio a colocar seu casaco. Que menino educado, não? É meu, viu!  Sim, eu estufo de orgulho feito um sapo bufo.

Sempre gostei de observar menininhos fofinhos. Por vezes pensava, como será o meu? Ainda bem que Deus é sábio e toma tal tarefa para si. Se eu tivesse moldado o meu ele não seria tão insuportavelmente fofolético como ele é. Ele já parou de falar "difácil", mas continua falando "salambe". Ele agora faz teatro com os dois pés, um pé tem a voz aguda e o outro, grave. Ele arranca gargalhadas minhas com isso. Um pé conversa com o outro, outro dia ele ficou sentado no meu colo no chão e fazendo um pé conversar com o outro enquanto comíamos batata frita. Alguém aí falou em definição de felicidade?

A propósito, SIM! Eu deixo meu filho comer batata frita de vez em quando e ele assiste televisão todo dia também. Eu estou LONGE de ser a mãe perfeita,e além disso uso fralda descartável, dou mamadeira e TODAS as vacinas! Com muito orgulho. Com esse tanto de movimentos anti-vacina, anti-mamadeira, anti-fralda descartável, anti-tv, anti-batata-frita, anti-você-escolhe-o-quê, eu devo ser um ser de outro mundo mesmo... Mas não me importo. A quantidade de amor que essas criaturas recebem de mim... bem, essa quantidade nem eu sabia que tinha dentro de mim.

Por isso, para você meu filho amado, amado, amado, uma poesia de aniversário.

Materna, eu
Tem amor em mim,
Mas eu não sabia que tinha.
Tem amor em mim,
Nesse meu eu que de mim mal sabia...
Tem amor em mim,
E eu que achava que nenhum dia
Eu iria olhar para a vida e não querer ter o que eu não tinha.



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Thursday, June 21, 2012

Colagem de palavras

 Meu plano era fazer uma colagem de fotos. Escolher algumas fotos de momentos importantes, momentos felizes, momentos cotidianos, enfim, uma simples colagem de fotos para celebrar o aniversário do meu filho mais velho, que completa quatro anos no dia 25/06/2012. Minha intenção era  simplesmente selecionar fotos que trouxessem sorrisos aos nossos lábios ao revivermos as situações e os sentimentos que as marcaram e fazer uma bonita colagem. Quem dera...

Primeiro, fui no diretório denominado "2008" pois lá estariam as primeiras fotos, o começo de tudo. O começo da minha transição de um ser inteiro para um ser dividido, que tem o coração batendo fora do corpo e a alma florida. Ao ir selecionando cada foto, ao percorrer os inúmeros diretórios com as centenas de fotos tiradas a cada dia do meu precioso filho, daquele ser para o qual passei a primeira noite inteira olhando sem acreditar no que tinha acontecido, bem, eu chorei.

Como se não bastasse, ao me ver chorando na frente do computador meu filho veio correndo na minha direção com suas mãozinhas no meu rosto, dizendo, assustado: mamãe, você está chorando? Tem que parar de chorar mamãe, eu seco aqui o seu olho, ó. Como explicar chôro de alegria para uma criança que não tem ainda quatro anos? Como explicar que eu sou tão feliz por tê-lo assim, grandinho, se comunicando e me consolando e ao mesmo tempo daria anos da minha vida para tê-lo bebê nos meus braços novamente?

Não, eu ainda não me acostumei com a idéia de ser mãe. Quando eu estava grávida me lembro que a sensação de ter outro ser dentro de mim me angustiava, assustava, eu não conseguia definir. Minha fono me perguntou: você não se sente coadjuvante do trabalho de Deus? E eu só conseguia pensar no Alien (o filme). É, eu sou estranha desse tanto. E agora que meus dois filhos já não dividem o mesmo corpo comigo, eu ainda não consigo achar "ser mãe" algo corriqueiro. Meu coração derrete todo dia. TODO.SANTO.DIA. É verdade. Às vezes eu digo para mim mesma: hoje nada vai fazer meu coração se derreter com essas "mãezices". Aí vem um sorriso matreiro, uma palavra nova, uma frase completamente sem noção dessas que só criança diz, uma nova habilidade, um desenho, uma mãozinha enxugando minhas lágrimas, um abraço, um "eu te amo muito mamãe"... enfim, a lista é infinita. E eu me pego derretida feito manteiga.

Nem preciso dizer que a colagem mal começou. Cada subpasta da pasta 2008 foi outro chororô. E ainda faltam 2009, 2010, 2011, 2012... Acho que talvez essa colagem nem saia. Cada ano, ou melhor, cada pasta de fotos me convida a ponderar o quanto eu mudei e venho mudando nessa aventura de casar, ter filho e mudar de país a cada seis meses.

Me convida a admirar a continuidade e, paradoxalmente, a efemeridade da nossa vida e das nossas nóias. Agora que sou mãe, carrego outros dois outros seres comigo e, paradoxalmente, viajo muito mais leve.


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